Embora o brasileiro reconheça que o consumo inadequado de recursos naturais cause impactos ao meio ambiente, poucos são aqueles que realmente têm atitudes sustentáveis no dia a dia. Uma pesquisa, realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em todas as capitais do país, mostra que a maioria dos brasileiros (97%) possui alguma dificuldade em adotar práticas de consumo consciente.
Os principais entraves mencionados pelos entrevistados para a falta de hábitos mais responsáveis são alto preço dos produtos orgânicos (37%) e os obstáculos em separar o lixo para a reciclagem (32%). Além disso, 30% reconhecem não conseguir reduzir a quantidade de lixo gerado e outros 30% enfrentam barreiras em engajar os vizinhos nessa prática.
De acordo com o levantamento, o brasileiro ainda é considerado ‘consumidor em transição’, ou seja, mais da metade (58%) mantém práticas de consumo consciente, mas em frequência aquém da desejada. Já três em cada dez (29%) se encaixam como ‘consumidor consciente’, enquanto 13% somam os pouco ou nada conscientes.
O Indicador de Consumo Consciente (ICC) acompanha as mudanças nos hábitos de compra e outras ações cotidianas dos brasileiros ao longo do tempo, considerando os aspectos financeiros, ambientais e sociais. Quando se observa os principais comportamentos ligados à preservação do meio ambiente, com relação ao uso racional de energia elétrica, os hábitos mais presentes no cotidiano dos consumidores são apagar as luzes de ambientes que não estão sendo utilizados (96%) e controlar o valor das contas do mês (93%). Já considerando o meio ambiente de forma mais ampla, se destacam os hábitos de doar ou trocar algum item antes de jogá-lo fora (89%) e dar preferência a produtos cujas embalagens são recicláveis (83%).
Seis em cada dez entrevistados (60%) acreditam que o consumo não consciente deverá atingir a todos. Além disso, 92% acham que a preservação do planeta a partir de atitudes concretas de consumo consciente depende de toda a população. Já 46% consideram que a principal vantagem em adotar práticas sustentáveis é ter a satisfação em fazer algo positivo para o futuro das próximas gerações, enquanto 43% citaram a sensação de dever cumprido e de estar fazendo o que é correto.
Há um consenso entre os consumidores brasileiros de que as consequências das mudanças climáticas e do consumo desenfreado são um problema que diz respeito a toda a sociedade. Para 98%, o consumo inadequado ou excessivo dos recursos naturais do planeta gera impactos no meio ambiente, entre os quais 50% mencionaram mudanças climáticas, 45% a falta de água e 42% a poluição e a baixa qualidade do ar.
Outro dado revela que para três em cada quatro consumidores ouvidos (75%) pesam na decisão de compra produtos fabricados por empresas que investem em projetos sociais ou ambientais. E para 89%, um aspecto bastante valorizado é conhecer a origem dos produtos que são consumidos, em especial os industrializados (45%), os animais (39%) e os orgânicos (37%). Considerando a importância da origem dos itens que vão à mesa do consumidor, mais da metade (53%) mencionou querer assegurar que os alimentos farão bem à saúde. Já 47% disseram buscar mais segurança sobre a qualidade dos produtos.
Praticamente a totalidade da amostra (98%) concorda que é importante adotar atitudes como forma de mudar o próprio estilo de vida e alcançar um mundo mais equilibrado e sustentável. E a principal ação que deve ser tomada é criar o hábito de se planejar financeiramente, fazendo listas para evitar as compras por impulso (45%). Na opinião dos entrevistados, também é preciso reutilizar e reciclar, dando novas utilidades a materiais que seriam descartados (45%).
Foram entrevistados 837 consumidores, nos meses de maio e junho, nas 27 capitais brasileiras, acima de 18 anos, de ambos os gêneros e de todas as classes sociais. A margem de erro é de 3,4 pontos percentuais para uma confiança de 95%.
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