A Anvisa aprovou, a continuação da comercialização do segundo agrotóxico mais vendido no Brasil. Os técnicos da agência concluíram que o herbicida 2,4-D não causa contaminação à água ou alimentos e não gera risco à população em geral. Os pareceres que sustentaram a decisão, no entanto, apontam que o herbicida gera risco de contaminação aos trabalhadores rurais que o aplicam.
Analisando o perfil das pessoas intoxicadas, chegou-se à conclusão de que as vítimas do 2,4 D são, em geral, trabalhadores do campo que tiveram contato com o veneno durante a aplicação do produto nas lavouras. Dentre as medidas definidas para mitigar os riscos, a Anvisa estabeleceu um limite máximo de exposição, de 0,01 mg ao dia. Também foi estabelecido um tempo mínimo de reentrada, que vai de 2 a 23 dias, a depender do tipo da plantação.
A Anvisa admite que os estudos sobre a substância ainda precisam ser aperfeiçoados e que não teve informação dos efeitos do veneno nas centenas de trabalhadores que sofreram intoxicação aguda nos últimos anos. Os únicos estudos utilizados pela agência, foram testes em ratos em que a substância afetou principalmente os rins desses animais. Os estudos da Anvisa não se aprofundam no grau de intoxicação provocado ao trabalhador nos diferentes métodos de aplicação do veneno.
A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos, que reúne mais de 30 entidades e conselhos, já se manifestaram contra a liberação do 2,4 D no Brasil, por considerar que o provocaria alteração genética capaz de desencadear câncer e alterações do sistema hormonal, além de má-formação fetal e toxicidade neurológica. O Ministério Público Federal cobrou da Anvisa estudos conclusivos sobre o risco do produto à saúde humana, o que levou ao processo de reavaliação toxicológica do agrotóxico.