A Baía da Babitonga em São Francisco do Sul e Joinville é um laboratório a céu aberto para pesquisadores de toninhas do Brasil. Estudos que possibilitam descobertas importantes sobre aspectos da espécie – como se distribuem, genética e ecossistema – são desenvolvidos no Projeto Toninhas. Essas informações são usadas na preservação dos animais, classificados como 'criticamente em perigo de extinção' e cujo desaparecimento pode desequilibrar todo o sistema da baía.
As toninhas são pequenos golfinhos que vivem apenas na costa brasileira, do Espírito Santo até o Sul de Santa Catarina, no Uruguai e na Argentina. Normalmente, elas permanecem bem perto da praia. A Baía da Babitonga é o único lugar onde são encontradas fora da zona costeira em todo o mundo.
As frentes de trabalho
No Projeto Toninhas os pesquisadores atuam em três frentes:
- Uma delas é com educação e sensibilização ambiental. Há um centro de visitação em São Francisco do Sul, um website com informações e materiais de divulgação. Estão sendo feitos uma animação e um aplicativo para celular.
- Outra frente é o trabalho com as comunidades pesqueiras e a discussão de manejo e conservação, buscando entender o que é possível fazer e negociando medidas de proteção com órgãos públicos.
- A terceira é a pesquisa, em que o grupo gera dados sobre os animais por meio de uma série de ações com o objetivo de propor alternativas à preservação da espécie. Entre essas ações, foi feito um procedimento inédito no Brasil de instalação de transmissores via satélite nas toninhas durante dois anos, em parceria com instituições dos Estados Unidos e da Argentina. Foi possível monitorar o movimento dos animais. Atualmente, o projeto faz um trabalho na área de acústica com pesquisados da Alemanha e Suécia. São instalados equipamentos no fundo do mar que gravam os sons dos golfinhos para monitorá-los também no caso de não ser possível vê-los. A técnica já foi usada no Brasil de forma pontual, mas agora ela é feita com redes de equipamentos, o que a transforma em algo inédito. Há também a identificação visual em que os pesquisadores conhecem as toninhas individualmente pelo desenho da nadadeira dorsal. A equipe fotografa o animal no mar e consegue acompanhar, por exemplo, se ele teve filhotes ou não.